Updates from Dezembro, 2012 Toggle Comment Threads | Atalhos de teclado

  • nunorosmaninho 20:53 on 30/12/2012 Permalink | Responder  

    Bicicleta-cavalo 

    Na semana passada, lembrei-me assiduamente da bicicleta-cavalo enquanto subíamos o Buçaco. Em movimento, essa invenção genial parece um cavalo a galope. Curva-se sobre si própria, enrola-se e estica-se de súbito até ao máximo comprimento. O condutor acciona o processo com um vigoroso movimento no guiador, puxando-o para si, e nos pedais, empurrando-os para baixo. Há duas semanas, ouvi uma jovem narrar um episódio alusivo à difusão da bicicleta no Ribatejo. Difusão tardia, presumo, porque, já bem entrado o século XX, alguém se admirou com a aproximação de um ciclista: «Vem ali um homem em cima de duas rodas!» Que diríamos se, ao dobrar a esquina, víssemos irromper os espasmos da bicicleta-cavalo? Vem ali um homem numa bicicleta aos coices? O veículo é construído à medida na Reparadora de Santa Joana, do senhor João Maio, em Aveiro. O estimado leitor pode vê-lo em acção no vídeo realizado por Mário Moreira no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=7IF84yHvAAs&feature Já pensaram no que seria uma subida do Buçaco aos comandos desta irrequieta geringonça? E a descida?!

     
  • nunorosmaninho 20:49 on 30/12/2012 Permalink | Responder  

    30 de Dezembro de 2012 – Cantanhede 

    Por causa da chuva, não houve viagem de manhã. Graças à insistência do Rui, houve nata à tarde, em Cantanhede. O Escrivão pôde assim chegar aos 2406 quilómetros e fechar o ano dentro das suas modestas expectativas. O Rui enviou o seu relatório e contas por mensagem telefónica: total de 5261,59 quilómetros, média diária de 14,38 quilómetros, 13625 minutos em cima da bicicleta, ou seja, mais de 227 horas, numa média diária de 37 minutos. O Tó também cumpriu o seu desígnio e ultrapassou os 3660 quilómetros. Os restantes companheiros hão-de proceder por estimativa.

     
  • nunorosmaninho 17:59 on 29/12/2012 Permalink | Responder  

    28 de Dezembro de 2012 – Mira 

    Viagem intercalar para o Escrivão cumprir a quilometragem do ano. O Tó e o Rui desincumbiram-se da tarefa com mais antecedência. O ritmo esteve acima do Inverno e abaixo do Verão, se me faço entender. Deu para endurecer as pernas. O Escrivão voltou às avenidas e, assim, ao comprar o jornal, reduzira a carência para apenas trinta e oito quilómetros, que deverão ser realizados no próximo domingo, na última viagem do ano, ao Buçaco. Já vos falei da bicicleta-cavalo?

     
    • ruigodinho1962 22:16 on 29/12/2012 Permalink | Responder

      Faltou aqui uma informação, complementar mas muito importante: as natas estavam particularmente divinais!
      Lamenta-se a falta de alguns outros complementos (velodamas, helicópetros ou outros seres do género), mas as natas satisfizeram até ao tutano!
      Olaré!!!

  • nunorosmaninho 17:57 on 29/12/2012 Permalink | Responder  

    26 de Dezembro de 2012 – Moinho do Pisco 

    O portão a ranger. O gato a miar. O frio nas orelhas. O Tó a chegar e o Rui caminhando. Aceleração na Malaposta. Os camiões fazendo fila atrás de nós. As laranjeiras em frente da casa do Telmo. As volumosas toranjas. Furo na Candieira. A bicicleta armada num banco. O Tó operando com luvas de látex. O Moinho do Pisco subido metodicamente em trinta e cinco minutos. A vertigem da descida. As mãos doridas de travar. A velocidade que não se tem por causa de mais uma estrada arruinada. As excelentes broinhas e café do Telmo e da Ana. O Tó nos Cancelas para combinar a substituição do pneu. O Escrivão muito atrasado para cumprir os 2400 quilómetros até ao fim do ano. O Rui marcando uma viagem intercalar a Mira. O Escrivão a comprar o jornal e às voltas nas avenidas novas da Curia para acrescentar vinte quilómetros. Restam noventa e nove.

     
  • nunorosmaninho 17:52 on 29/12/2012 Permalink | Responder  

    23 de Dezembro de 2012 – Buçaco 

    Deu-se a circunstância de, não chovendo, os ciclistas terem empreendido a subida do Buçaco, passando por Anadia e Vila Nova de Monsarros. Chegaram ao Moinho de Sula. Daqui para cima, há um magnífico troço de estrada feito para as comemorações políticas das Invasões Francesas. E logo sobrevém uma película milimétrica de alcatrão, depois pedras cada vez mais eriçadas e por fim buracos de berma a berma. Eis-nos no planalto desflorestado da Cruz Alta, onde um ciclista de estrada já não pode chegar. A moda é deixar arruinar as estradas e fazer de moderno realizando pistas cicláveis. Quem inventou esta palavra desgraçada?

     
  • nunorosmaninho 09:50 on 14/12/2012 Permalink | Responder  

    Os nossos sempre pacientes e numerosos leitores continuam à espera do desfecho das corridas realizadas em Anadia há noventa e nove anos. Não é hoje que o terão. Fui a correr ao ano de 1913 mas, por enquanto, só trouxe uma peça publicitária que esclarece a organização da prova. Empreendimento de Joaquim Marques dos Santos ou do Centro Velocipédico Anadiense? Quem é o primeiro? O que é o segundo? Eis a resposta dada pelo Bairrada Livre de 10 de Janeiro de 1914:Imagem001

     
  • nunorosmaninho 19:07 on 10/12/2012 Permalink | Responder  

    9 de Dezembro de 2012 – Mira 

    Deu-se na Pastelaria Arcada, em Portomar, um caso raro e outro insólito. Quando os quatro cavaleiros do apocalipse, sentados nas suas máquinas diabólicas, chegaram à esplanada já tomada pelo sol, viram uma velodama bem artilhada partilhando a mesa com o seu companheiro de viagem. Pouco depois, poisou uma revoada de ciclistas que se dedicaram com afinco a atroar os ares. Debatíamos a diferença entre ideia e invenção, aplicada à bicicleta e ao helicóptero. Foi então que aterrou uma combinação destas duas excelsas criações. Nesse preciso momento, no silêncio formado pela suspensão da vozearia, o Rui anotou o facto singular que todos estávamos vendo: havia mais bicicletas que ciclistas. E assim regressámos a casa depois de mais uma jornada de grande elevação intelectual.

     
  • nunorosmaninho 20:29 on 08/12/2012 Permalink | Responder  

    Setembro e Outubro de 1913 – Anadia, Vila Nova de Monsarros, Luso, Pampilhosa, Mealhada, Malaposta e Famalicão 

    O estimado leitor recorda-se do Circuito do Minho ganho na categoria dos Fracos pelo cidadão de Avelãs de Caminho. Foi isso em Junho de 1913. Nesse Verão, o entusiasmo biciclístico motivou a organização de uma prova anunciada para o dia 14 de Setembro, adiada por causa do mau tempo, remarcada para 12 de Outubro e realizada não sei quando. O Jornal de Anadia, decano da imprensa do concelho, cumprindo o vigésimo terceiro ano de existência, alude em 6 de Setembro de 1913, ao «especial interesse» que estavam suscitando, à presença do «distinto ciclista» Júlio Bernardo Ferreira, de Coimbra, e às últimas alterações no trajecto. O artigo intitula-se Corridas de bicycletes:

                «Estão despertando especial interesse as anunciadas corridas de bicicletas, nesta vila, no domingo 14 do corrente. Já se acham inscritos alguns corredores, entre os quais se conta o distinto ciclista Júlio Bernardo Ferreira, de Coimbra.
                O respectivo programa acha-se modificado, a pedido de vários corredores, sofrendo a seguinte alteração:
                A primeira corrida consta de partida de Anadia às 15 horas, ir a Luso, dar a volta na Venda Nova, ir à mealhada, Malaposta, Famalicão, Arcos e ponto de partida.
                A segunda corrida passa a ser a que estava anunciada em primeiro lugar.
                E, havendo lugar, realizar-se-á ainda terceira corrida em volta da Praça da República, com três únicos prémios.
                Todos os prémios para as corridas são de valor e bom gosto.»
    Na véspera do grande dia, o republicaníssimo Bairrada Livre atribuiu a organização ao Centro Velocipédico Anadiense. A pequena nota está intitulada Corridas velocipédicas:
                «Efectuam-se amanhã nesta vila as anunciadas corridas de bicicletas, promovidas pelo Centro Velocipédico Anadiense. Acham-se inscritos corredores distintos que disputarão os melhores prémios.»

    A última notícia de que disponho concede a paternidade das provas a Joaquim Marques dos Santos e enuncia com pormenor os circuitos e os prémios. A notícia saiu no mesmo Bairrada Livre de Cipriano Simões Alegre, em 4 de Outubro, sob a epígrafe Corridas de bicicletas:

    «Foi definitivamente resolvido que se realizem no domingo, 12 do corrente, as corridas de bicicletas promovidas pelo sr. Joaquim Marques dos Santos, desta vila, as quais não puderam ter lugar no dia 14 de Setembro findo em razão do mau tempo e por falta da maior parte dos corredores. O programa é o seguinte:
    1.ª corrida – Quarenta quilómetros. Partida de Anadia às 15 horas em ponto, indo a Vilanova, Várzeas de Luso, Luso, Pampilhosa, Mealhada, Malaposta, Famalicão e Anadia. Prémios para esta corrida: 1.º vinte escudos em dinheiro, 2.º um lindo tinteiro de arte no valor de dez escudos, 3.º um relógio para bolso ou mesa, à escolha, no valor de cinco escudos.
    2.ª corrida – Partida de Anadia, subindo a Avenida, dar volta à Malaposta, Famalicão, Arcos, Anadia, subir novamente a Avenida e dar a mesma volta até ao ponto de partida. Prémios para esta corrida: 1.º um lindo relógio para parede, arte nova, 2.ºuma lanterna para bicicleta, 3.º uma linda caixa com específico da terra.»

    Afinal, as corridas fizeram-se ou não? Quem correu? Quem ganhou? Se o prezado leitor tiver a fineza de esperar um pouco, vou ali à biblioteca e já volto. Entretanto, alguém me poderá dizer, com certeza, que «específico da terra» haveria na «linda caixa»?

     
    • ruigodinho1962 21:31 on 08/12/2012 Permalink | Responder

      Hum… Específico da terra numa caixa… Só poderiam ser umas belas garrafas de tinto! Digo eu, c’os nervos!…

  • nunorosmaninho 12:23 on 08/12/2012 Permalink | Responder  

    2 de Dezembro – Mira e Cantanhede 

    As viagens cíclicas da era digital registam com gosto o regresso do Daniel, companheiro de outras jornadas, raids Mira-Cantanhede e subidas ao Caramulo. Apesar da chuva dos últimos dias, a manhã esteve com aquela beleza intemporal que os antigos poetas chamavam cristalina e os fotógrafos pictorialistas tentavam em vão captar à alvorada. O Escriba confundiu a quietude com o frio e agasalhou-se para chegar aos pólos. Afinal, as natas foram servidas em Portomar enquanto se discutiam as virtudes da medicina caseira. Arriscámos passar por Cantanhede antes de inflectir para a Pocariça e cansámo-nos. Como o Inverno pesa sem ainda ter chegado!

     
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