Presos por elásticos
Pastelaria Mica-Vina (Águeda), último de Maio do ano do confinamento
Sim, desconfinámos nesta padaria-pastelaria, de que nunca tínhamos ouvido falar. Mas ficámos bem impressionados, apesar do duplo Pecado Original. Duplo, porque o Vendedor se deparou com uma maçã indigna da própria serpente e, portanto, directamente confinado à sesta repartição (fazia lembrar aquela celebérrima capa da revista Time de 22 de Julho de 1946); e também porque encontrámos uma boa variedade de pastelaria, mas nem uma nata!!!
E foi nesta pastelaria porque nenhuma outra estava disponível para nós, cumprindo um encerramento por algum motivo (Covid? Descanso semanal? Férias? Outra causa qualquer?).
Os cinco cíclicos foram até Águeda pela estrada do interior, que é como quem diz, via Boialvo, Belazaima do Chão (terra bem arrumadinha, tirando a subida que a atravessa) e Bolfiar.
Mas na Póvoa de Vale do Trigo houve uma saída da rota, em direcção a S. Martinho. Cumprimos um desejo antigo do nosso Vendedor, que nos presenteou com a visão do que foi outrora uma árvore (atingida por um raio? seca por outro motivo? o Vendedor por favor que esclareça!), transformada numa belíssima escultura, feita essencialmente com moto-serra e que as imagens documentam.
Os elásticos vieram antes e depois disto tudo.
Primeiro, numa das belas conversas sobre Física, nas quais o nosso Físico faz jus ao nome. Entre outras curiosidades, ficámos a saber da existência de um outro Físico, de personalidade no mínimo curiosa, de seu nome Richard Feynman (prémio Nobel em 1965) e da forma como demonstrou a falha do Vai-vém espacial Challenger. No âmbito da Rogers Comission Report, usou um simples elástico que, depois de esticado várias vezes, foi mergulhado num copo de água gelada; retirado do copo, não resistiu ao manuseamento, partindo-se em vários bocados.
Esta situação encontra-se descrita em http://www.feynman.com/science/the-challenger-disaster/.
Feynman morreria menos de dois anos depois, vítima de dois cancros, o que o levou a afirmar: “Eu odiaria morrer duas vezes. É tão tedioso.”
O outro elástico serviu para prender algumas das peças de vários cíclicos, em momentos mais delicados deste circuito. Mas que permitiram uma chegada a bom porto…
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