Eis então a tal dita cuja subida! Cerca de 25 km de pedalada constante, à excepção do oásis de S. João do Monte, onde umas escassas centenas de metros de plano sabem a paraíso!
Quem anda na estrada sabe ou imagina o que seria ir da Curia a Coimbra sempre a subir. É duro, é verdade! Não se pode mesmo deixar de pedalar um segundo, como é evidente. A subida não é muito inclinada, mas a sua teimosia mata pela saturação. Contudo, todos os que a conhecemos encaramo-la com muito respeito, mas também com o maior dos gostos, porque acaba por se tornar uma subida dócil, pachorrenta.
Os desníveis mais acentuados só aparecem perto do fim. Poderão alguns alegar que aí já estamos mesmo saturados de tanto quilómetro a subir; contraponho que aí já habituámos as pernas de tal forma ao esforço que nos sentimos verdadeiros homens-aranha, capazes de escalar paredes com a bicicleta!
Depois é todo o enquadramento que nos rejuvenesce a alma.
Vales mais ou menos profundos, que nos permitem ir verificando quanto já subimos.
Encostas bem verdes, mas de uma verdura heterogénea, mescla do mais variado folheado das árvores.
Os vários sons da Natureza: pequenos cursos de água, que transmitem uma sensação ainda maior de frescura ao percurso; chilreados despreocupados mas harmonizados com a paisagem; por vezes, o bulir de uma brisa nas folhas mais próximas.
Por isso, mais do que o cansaço ou a saturação, esses quilómetros são saboreados metro a metro, guloseima que temos que resistir à tentação de engolir com avidez. É quase como quando o nosso horário lectivo termina a semana no último tempo de 6ª-feira: desejamos que ele chegue e termine, mas depois parece que nos falta a pressa para sair da escola! Tenho para mim que essa é uma forma disfarçada de prolongarmos a agradável sensação de entrarmos em fim de semana! Da mesma forma, quando atingimos o topo da subida sentimos uma alegria esfuziante, um alívio profundo nas pernas, mas também que terminou a nossa fonte de prazer!
Naturalmente que, como o povo costuma dizer, não há bela sem senão. E a subida do Caramulo também tem os seus monstrinhos… Veremos quais.
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