Updates from Janeiro, 2020 Toggle Comment Threads | Atalhos de teclado

  • nunorosmaninho 12:57 on 31/01/2020 Permalink | Responder  

    A promessa de um livrinho velho 

    Quinta do Cabo (Mata), 30 de Janeiro de 2020.

    Ex.mo Senhor Escrivão,

    Por mais que o tempo avance, o senhor recua. Recua sempre e recua mal. Dá os seus devaneios em pinceladas grossas, a ver se as tomamos pela realidade. Gabo-lhe o esforço, não os resultados.  Estas coisas já são sabidas, e não foi por elas que tomei a caneta para lhe escrever. Sucede que tenho na minha posse um livrinho velho, como velho é tudo o que tenho em casa, incluindo eu próprio, rabiscado com coisas avulsas, muitas das quais incompreensíveis. Desconheço quem o escreveu. O seu avô Maneco é que me disse que devia ser do Zé Rolo, que esteve na mercearia anteontem e lá o deixou ficar por esquecimento. Pedi-lhe para o trazer, folheei-o, encontrei coisas pitorescas, mas preferi ir tratar da empa das vinhas, agora que a chuva amainou e já me deixa andar pelo intervalo das cepas sem levar o barro agarrado às botas. Passe pela loja do Maneco depois de amanhã, sábado, que sempre foi o dia de o visitar. Não vai tomar um copo porque é um abstémio selectivo, mas coma tremoços com água, se isso lhe aprouver, e lá terá o livrinho à sua espera.

    De V.ª Ex.cia Cr.do At.o e Obrig.do,

    Vasconcelos, velho homem da Mata

     
  • nunorosmaninho 11:23 on 30/01/2020 Permalink | Responder  

    A origem das espécies 

    O grande bric-à-brac relacionado com a bicicleta são as próprias bicicletas. É um veículo tão simples, que qualquer pessoa, com poucas ferramentas, pode montar um modelo original, mesmo excêntrico. Há mais de trinta anos, o Patrocinador e o irmão criaram um tandem com que foram à barragem da Aguieira. O Periglicófilo recolheu num carnaval os modelos mais singulares de bicicletas e monociclos. Passei por uma caranguejola de dois andares, que o ciclista conduzia como se montasse uma girafa.

    Pensando bem, não me sinto mandatado para dizer o que é excêntrico ou bizarro. Mas não duvido que aquilo que o Periglicófilo fotografou foi concebido para provocar o riso. Em contrapartida, há no século XIX viaturas aparentadas a bicicletas que nos parecem estranhas, apesar de aspirarem à normalidade.

    Tenho recebido da Paula Figueira Santos abundantes fotografias de velocípedes antigos. Ao fim de uns tantos, concluí que a sua estranheza não estava neles mas em mim. Designamos extravagante o que está longe de nós. Assente que uma bicicleta tem duas rodas iguais, corrente, guiador e pedais, rimo-nos dos velocípedes de quatro rodas, daqueles em que o passageiro se senta à frente do condutor e das mil variantes em que os engenheiros amadores, usando chapéu de coco e barba aparada, se fizeram fotografar. Podíamos rir se eles próprios rissem, e assim nos dissessem o quanto a sua invenção os divertia. Mas eles apresentam-se sérios e dignos, decerto por levarem em boa conta a importância do que criaram.

    Está aqui um dos capítulos mais notáveis da história da bicicleta. O seu estudo precisa do olhar de um naturalista, de um Darwin que, em vez de troçar das espécies exóticas das ilhas Galápagos, escreva um livro intitulado A Origem das Bicicletas. Que beleza não têm esses ramos inconsequentes, fossilizados nas fotografias!

     
  • nunorosmaninho 12:35 on 29/01/2020 Permalink | Responder  

    Andámos por Febres, Portunhos e Cordinhã – Cantanhede, 26 de Janeiro de 2020 

    Sendo nove da manhã, entrei de carro em casa do Patrocinador, com a bicicleta estendida na parte de trás. Já lá estavam o Vendedor e o Periglicófilo, chegaram logo após o Físico e os dois Informáticos e, sem tardar, o Rúben. A semana ensolarada, que aproveitei para andar mais de duzentos quilómetros, oferecia hoje a última oportunidade antes dos dias de chuva que se hão-de seguir. Só faltou o Peninha, outra vez. O Enólogo anda, com tristeza nossa, afastado destas lides.

    A ideia de subir o Buçaco colheu um silêncio comprometido. Ninguém dizia que sim e ninguém dizia que não. Fomos portanto a Cantanhede, com uma larga volta sugerida pelo Vendedor que nos permitiu concluir a manhã com quase setenta quilómetros. Se tivesse ligado o famoso Strava, poderia agora enunciar com precisão o itinerário. Assim, só posso dizer que fomos até Covão do Lobo, inflectindo logo para Febres, por estradas ondeantes, rasgadas, ainda e sempre, pela instalação de água ou saneamento. Confluímos na variante que vem de Mira e seguimo-la, liderados pelo Rúben, até Cantanhede. Ninguém, excepto ele, pode dizer que está em boa forma. No entanto, de todos, é o Vendedor que parece ir adiante, tendo logo a seguir o Informático Motard, mais combativo desde que tem uma bicicleta nova.

    Na esplanada, quase vazia por causa do frio, arrefecemos à medida que o céu nublava e o calor do esforço se esvaía. Definimos para meados de Fevereiro a peregrinação à ciclovia do Dão, por onde tantas vezes passou, de comboio, o grande Aquilino Ribeiro em trânsito para Lisboa.

    Para dar amplidão à rota, fomos para sul até Portunhos, que a mim me lembra a pedra da Renascença coimbrã e ao Informático Motard o local do seu casamento. Andámos por sítios que conheço mal e que o Periglicófilo me foi explicando. Se tivesse levado a câmara desportiva, que tenciono prender estes dias ao guiador da bicicleta, teria registado o pequeníssimo mercado semanal da Cordinhã, que me pareceu perdido entre campos agrícolas, sobretudo desde que o apeadeiro ferroviário se inutilizou com o fim da passagem de comboios. Apetece sempre perguntar porque não assentam nessa extensa faixa abandonada uma ciclovia que lhe dê préstimo e perpetue a memória do comboio.

    Antes de chegar a Sepins, o Vendedor convenceu-me de que seria mal-agradecido se não aceitasse a sua oferta de me limpar a bicicleta como um profissional. Primeiro, disse que não. Mas entre amigos a franqueza é uma variante da cortesia. Os atritos e solavancos na transição das mudanças podem resultar apenas da acumulação de óleo e poeiras. Assim, depois de uma passagem pelo Canto da Bicuda, na Antes, para comprar broa, que levei pendurada no guiador, como qualquer aldeão antigo, deixei a bicicleta no Patrocinador, onde, no próximo domingo, a encontrarei imaculada, como já uma vez aconteceu quando a pus nas mãos do Informático Ferroviário, que também adquiriu uma broa mas a aconchegou à barriga.

     
  • nunorosmaninho 12:20 on 28/01/2020 Permalink | Responder  

    A paisagem de uma janela de minha casa 

    Também encontrei, como disse, o exame da quarta classe, a que me submeti, com sentido de responsabilidade, no dia 7 de Maio de 1974. Compôs-se de um ditado, onde cometi três erros e duas faltas, problemas de aritmética e geometria, que resolvi na totalidade, e uma redacção, que não passou da suficiência. Também deve ter havido uma cópia e um ditado, ou então a revolução de 25 de Abril aboliu-os com a mesma firmeza com que erradicou a Mocidade Portuguesa. A redacção tinha um tema cheio de possibilidades: «Uma paisagem duma janela de minha casa». Eu, apesar da menção poética aos passarinhos, que tanto sucesso fazia nos livros de leitura, limitei-me a enumerar com veracidade o que via quando me debruçava na janela da sala voltada para poente. Dizia assim:

    «Da janela da minha sala vejo lavradores a ir para o campo. Na estrada passam automóveis, motorizadas e bicicletas.

    «Olho para cima e vejo o monte da cabreira com pinhais os campos floridos etc.

    «Vejo os passarinhos a vir em bandos. Vejo os passarinhos a construir os seus ninhos. Vejo árvores, a loja, a escola, casas, vejo a casa da senhora Natividade e outras, vejo a fonte vejo o cemitério a residência a igreja etc.

    Esta é a paisagem duma janela da minha casa.»

    Não sei porque não mencionei a adega do avô Zé Rolo, a quinta do Chansor e a própria casa, ainda hoje tão presente, da senhora Rosinha Seabra. Beneficiei de um surto cubista, uma vez que consegui contemplar a residência paroquial e a entrada do cemitério, só visíveis das janelas voltadas a norte. Mas, neste caso, porque silenciei a majestosa árvore podre? E será que conseguia mesmo vislumbrar a escola? O mais certo é ter interpretado com grande liberdade literária a ideia da janela. Preferi ficar debaixo dela, no patamar que antecede as escadas, de onde tudo se vê.

    Exame da 4ª classe

     
    • António Augusto 00:38 on 30/01/2020 Permalink | Responder

      Bonita Lembrança pois dois anos antes o pai levou-me na Zundap a Anadia.A multidão e confusão naquelas salas amedrontava.Um trémulo menino diante de uns 50 ou 60 não conseguiu no quadro resolver a do triângulo “base x altura a dividir por 2”.Quem sabe?..pergunta o examinador. Num golpe rápido mas tremido lá resolvi aquilo.Valeu-me não ter de fazer mais nada tal era o despacho de tantos miúdos.Cá fora encostado à Zundap me esperava o pai com uma sandes de paio que ainda hoje me faz escorrer água na boca…..papéis ainda estou à espera deles.

    • nunorosmaninho 11:41 on 30/01/2020 Permalink | Responder

      Bonita história, a sua. Obrigado!

  • nunorosmaninho 15:13 on 27/01/2020 Permalink | Responder  

    Quantos pinhões contou a Rita? 

    Em 1974, coube-me a vez de realizar o exame da quarta classe Já não fui a Anadia com os colegas, muito menos de bicicleta. O examinador veio à escola de Tamengos, acabada de construir. A professora Cristina preparou-nos com desvelo, treinou os problemas de matemática, fez-nos estudar a economia das colónias portuguesas e avisou-nos da responsabilidade do acto. Estávamos todos muito cientes, embora já não fizéssemos os passeios patrióticos aos sábados de manhã. Esse tempo era ocupado a limpar as salas de aula, tarefa a que nos entregávamos com alegria. Também cantávamos. Especializei-me nas rosas que te dou de Nelson Ned. A minha carreira de cantor acabou ali, quando outros estão a começar. Não me recordo de ter recebido um diploma. Mesmo assim, fui procurar. Encontrei provas de treino da terceira para a quarta classe, realizadas em 22 de Março, 18 de Maio e 1 de Junho de 1973, e uma prova de verificação datada de 7 de Junho de 1973. Na primeira delas, descobri o seguinte problema: «A Rita contou pinhões: três centenas, duas dúzias, quatro quarteirões, cinco dezenas, meio milhar. Quantos pinhões contou ao todo?» A indicação e a operação deram o resultado de 974 pinhões.

    Prova da 3ª classe 1973-0322 (2)

     
  • nunorosmaninho 12:47 on 25/01/2020 Permalink | Responder  

    Diploma de habilitação 

    Esqueci-me de anotar que no dia 26 de Julho de 1943, após sérios contratempos de saúde, o meu pai foi a Anadia, sentado no suporte da bicicleta puxada pelo amigo Aquiles, prestar provas de exame da quarta classe do ensino primário. O director escolar certificou que António Ferreira Rolo, nascido em 8 de Maio de 1930, natural da freguesia de Tamengos, ficou aprovado. O documento oficial foi lavrado em 1962, talvez para certificar as suas habilitações para obter a carta de condução de veículos ligeiros. O diploma, que segue em anexo, apresenta como ilustração lateral um jovem da Mocidade Portuguesa, perfilado e digno, segurando a bandeira com símbolos nacionais. Em Tamengos, a mocidade não dispunha de verba para comprar as fardas, mas subia à Cabreira, aos sábados de manhã, para exercitar os corpos, mais do que habituados a calcorrear os campos. As crianças gostavam da actividade e o professor Ramalheira cumpria o seu dever políticvo a que nesta data já não podia escapar.

    Eduardo Agostinho005

     
  • nunorosmaninho 16:49 on 24/01/2020 Permalink | Responder  

    Inimigos do infinito 

    Lembro-me bem do dia 8 de Agosto de 2002. Estava na praia. Na sombra formada pelo guarda-sol da esplanada, comecei a ler Se Isto é Um Homem, de Primo Levi. E acabei. O químico italiano estava, em 1943, com a idade de vinte e quatro anos, entrara no combate ao fascismo e, em 13 de Dezembro, foi capturado pela milícia fascista. Era judeu, sofrera a discriminação e cultivava, como ele próprio explica no primeiro parágrafo, «um moderado e abstracto sentido da rebelião». Em poucas semanas, foi posto numa viagem fatal para Auschwitz. À sua volta, «cada um despediu-se da vida da forma que lhe era mais própria». Ora leiam: «Alguns rezaram, outros beberam para além do normal, outros inebriaram-se com a última nefanda paixão. Mas as mães ficaram acordadas para preparar com amoroso cuidado a comida para a viagem e lavaram os filhos, e fizeram as malas, e de madrugada os arames farpados estavam cheios de roupas de crianças estendidas a secar ao vento e não se esqueceram das fraldas, dos brinquedos, das almofadas e das cem pequenas coisas que elas bem conhecem, e das quais os filhos sempre precisam. Não fariam também o mesmo? Se amanhã esperassem ser mortos com o vosso filho, não lhe davam hoje de comer?»

    Não há pergunta mais cruel. Tardei a compreender o sentimento de culpa dos sobreviventes. Hoje, não estranho essas tragédias pessoais. Em 2002, pasmei com a clareza escolhida por Primo Levi para expor os inimigos do infinito. Escreveu assim: «Todos descobrem, mais tarde ou mais cedo na vida, que a felicidade perfeita não é realizável, mas poucos se detêm a pensar na consideração oposta: que também uma infelicidade perfeita é, igualmente, não realizável. Os momentos que se opões à realização de ambos os estados-limites são da mesma natureza: derivam da nossa condição humana, que é inimiga de tudo o que é infinito.»

     
  • nunorosmaninho 20:01 on 23/01/2020 Permalink | Responder  

    E assim vai terminando o ano de 1943 

    Em Novembro de 1943, dois ciclistas andavam a cumprir a primeira volta a Portugal em tandem. A Voz Desportiva grafa tandam, talvez erradamente porque os dicionários não consagram essa possibilidade. O da Academia nem tandem inclui. O amigo Houaiss diz que a palavra já era usada no século XIX, tomada por analogia com um «cabriolé descoberto, puxado por dois cavalos em linha». Os ciclistas eram Avelino Pereira Calção e Hernâni Ribeiro de Sousa. Foram de Aveiro a Coimbra a 22, descansaram um dia nesta cidade e prosseguiram no seguinte para a Figueira da Foz.

    Porque escolheram dias em geral frios, curtos e tantas vezes chuvosos? As condições meteorológicas favoreceram-nos? A verdade é que o Palace Hotel da Curia continua a publicitar a sua piscina. Haveria corajosos que entrassem nas águas frigidíssimas de Novembro, sem um sol franco que os aquecesse à saída? Neste tempo, também se fazia publicidade a bicicletas que custavam desde 680 escudos e, apesar de o Inverno estar próximo, a marca Flecha apresentava um casal, de calções, pedalando com jovialidade à frente do filho, saídos de um quente mês de Julho. O que segura o homem na mão esquerda? Um cachimbo? Tão apropriado.

    Para os distraídos, que já se habituaram a ver o Sangalhos Desporto Clube a organizar grandes provas velocipédicas e a participar nelas com uma boa equipa, preciso de lembrar que «este simpático clube bairradino», assim lhe chama A Voz Desportiva, se preparava para comemorar o quarto aniversário com uma festa desportiva.

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  • nunorosmaninho 19:19 on 22/01/2020 Permalink | Responder  

    Gil Moreira, jornalista 

    Gil Moreira passou o último quadrimestre de 1943 a escrever sobre as mudanças no ciclismo, a orgânica federativa, as provas de pista e as reformas que haviam de consolidar este desporto que, como ele sublinha, gerava poucos rendimentos e era pródigo em despesas. Os seus artigos revelam estudo. Também procedeu a um balanço do ano, mas nada lhe ocorreu dizer sobre a Bairrada. O antigo campeão das corridas de estrada converteu-se num jornalista de mérito na revista Stadium, onde aparece em caricatura, montado numa bicicleta, de cuja campana se desprende um facho de luz que, não sei porquê, alude à equipa Iluminante.

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  • nunorosmaninho 15:04 on 21/01/2020 Permalink | Responder  

    O desastre do ministro 

    A carta de Belisário Pimenta seguiu para Pires Monteiro no dia em que, numa curva, o automóvel onde seguia Duarte Pacheco derrapou e embateu com violência. Ouvi uma especialista e admiradora do ministro das Obras Públicas dizer que o desastre foi provocado pelos pneus carecas. «Imagine! – sublinhou ela. – Um ministro num automóvel com os pneus assim!» Ela queria expor, com esta frase, o espírito de poupança do ilustre estadista, cuja morte foi noticiada com assombro e pesar por todos os jornais e revistas nos dias seguintes.

    Longe de mim querer empanar o brilho da sua personalidade empreendedora. Apenas não esqueço os pobres proprietários e inquilinos da Alta de Coimbra, espoliados dos seus prédios e negócios com indemnizações iníquas, inferiores ao valor da matriz predial, e sem possibilidade legal de recorrer aos tribunais, porque o senhor ministro queria tudo a correr e a favor do Estado.

    Foi precisamente na Alta que, dois dias depois, a 18 de Novembro, eclodiu um incêndio no Colégio dos Lóios, situado entre a Rua Larga e o Largo da Feira. Assim se apressava, já depois da morte de Duarte Pacheco, um arrasamento sistemático, onde se perderia muito património para que nascesse a nova cidade universitária, grandiosa e imperante.

    O Alexandre Ramires emprestou-me fotografias que mostram o combate ao incêndio do Colégio dos Lóios. Numas, as labaredas irrompem do telhado. Noutra, um polícia caminha ao lado das mangueiras que cobrem a calçada, desorganizam a rectidão perfeita dos carris do eléctrico e fazem esquecer as pessoas que ao fundo olham para o edifício esventrado. Lá deve ter estado, mais hora menos hora, o coronel Belisário Pimenta. Porque não escreveu sobre o assunto no diário? Porque nada mais escreveu nesse ano de 1943. A recusa da Revista Militar silenciou-o?

     
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