Nicolau versus Trindade
A Volta a Portugal de 1933 criou, como disse, uma grande expectativa. O País dividiu-se entre o Benfica e o Sporting, José Maria Nicolau era mais forte, Alfredo Trindade sagaz. Nicolau imprimia o ritmo, Trindade seguia, resistia e espreitava as fraquezas do adversário. Ouvi dizer que, ao vencer a Porto-Lisboa pela primeira vez, Nicolau tirou duas horas ao record anterior. Nicolau era um rolador e um sprinter, Trindade ajustava-se melhor à montanha, num tempo em que as altitudes contavam menos.
Nicolau aprimorou os métodos de treino: cinquenta quilómetros à terça-feira, sessenta à quarta, oitenta à quinta, setenta à sexta e cinquenta ao domingo. (Joaquim Rosmaninho teria tempo para isto?) Nicolau inovou nos aspectos tácticos: o que antes era um grupo passou a ser, sob o seu magistério, uma equipa. O capitão dizia quando atacar e quando defender. Entre 1931 e 1935, participou em 72 corridas, concluiu 64, ganhou 41 e obteve 9 segundos lugares e dois terceiros lugares.
Apesar de tudo, a época de 1933 foi pouco fértil para José Maria Nicolau por causa de uma distensão muscular. Na segunda etapa da Volta, na zona de Pegões, sofreu uma queda considerada aparatosa e desistiu. No ano seguinte, na terceira etapa, foi Trindade que experimentou as dores de cair e de deixar Nicolau sem rival.
Quanto a fotografias, mudei de ideias. Vai uma onde os dois ciclistas, um do Benfica e outro do Sporting, antecipam a fraternidade com que os atletas das viagens cíclicas agora se apresentam com cores rivais. Só por isso.
Responder