Updates from Novembro, 2016 Toggle Comment Threads | Atalhos de teclado

  • nunorosmaninho 22:10 on 30/11/2016 Permalink | Responder  

    Nicolau versus Trindade 

    A Volta a Portugal de 1933 criou, como disse, uma grande expectativa. O País dividiu-se entre o Benfica e o Sporting, José Maria Nicolau era mais forte, Alfredo Trindade sagaz. Nicolau imprimia o ritmo, Trindade seguia, resistia e espreitava as fraquezas do adversário. Ouvi dizer que, ao vencer a Porto-Lisboa pela primeira vez, Nicolau tirou duas horas ao record anterior. Nicolau era um rolador e um sprinter, Trindade ajustava-se melhor à montanha, num tempo em que as altitudes contavam menos.

    Nicolau aprimorou os métodos de treino: cinquenta quilómetros à terça-feira, sessenta à quarta, oitenta à quinta, setenta à sexta e cinquenta ao domingo. (Joaquim Rosmaninho teria tempo para isto?) Nicolau inovou nos aspectos tácticos: o que antes era um grupo passou a ser, sob o seu magistério, uma equipa. O capitão dizia quando atacar e quando defender. Entre 1931 e 1935, participou em 72 corridas, concluiu 64, ganhou 41 e obteve 9 segundos lugares e dois terceiros lugares.

    Apesar de tudo, a época de 1933 foi pouco fértil para José Maria Nicolau por causa de uma distensão muscular. Na segunda etapa da Volta, na zona de Pegões, sofreu uma queda considerada aparatosa e desistiu. No ano seguinte, na terceira etapa, foi Trindade que experimentou as dores de cair e de deixar Nicolau sem rival.

    Quanto a fotografias, mudei de ideias. Vai uma onde os dois ciclistas, um do Benfica e outro do Sporting, antecipam a fraternidade com que os atletas das viagens cíclicas agora se apresentam com cores rivais. Só por isso.

    nicolau-e-trindade

     
  • nunorosmaninho 09:21 on 29/11/2016 Permalink | Responder  

    A excelsa rivalidade da IV Volta a Portugal 

    O que primeiro me cabe dizer sobre a Volta a Portugal de 1933 é que ninguém a conhece se não conhecer a rivalidade entre José Maria Nicolau e Alfredo Trindade. Há uma fotografia, que aqui não publicarei, em que Nicolau, com a camisola do Benfica, abraça Trindade, que exibe as listas do Sporting. É um abraço fraternal de dois conterrâneos. Nicolau parece proteger Trindade porque é mais alto e encorpado. Trindade aceita a diferença e sorri, entre o tímido e o gaiato. Nenhuma imagem descreve melhor o ciclismo da primeira metade dos anos trinta.

    Em 1931, Nicolau ganhou a Volta a Portugal. Em 1932, Trindade venceu-a com as cores do União Clube do Rio de Janeiro. Agora, a disputa entre os dois, elevada ao máximo, espalharia pelo País a rivalidade Benfica-Sporting. Não é apenas o ciclismo que está em causa, mas a ordenação do desporto português com clubes de implantação nacional.

    Na próxima nota explicarei a diferença entre ambos.

     
  • nunorosmaninho 11:25 on 28/11/2016 Permalink | Responder  

    O Escrivão não se compromete 

    Ex.mo Senhor Vasconcelos,

    As suas cartas nem sempre são justas, mas são sempre inspiradoras. Esta é justa e inspiradora. Bem me lembro de ter ido no Packard do Anastácio à sede do jornal A Ideia Livre, onde a tipografia laborava e o seu director nos chamou ao recato do gabinete. Dia 9 de Setembro de 1933, se não me engano. Queríamos conhecer o nome do vencedor da Volta a Portugal e acabámos escutando uma exaltante descrição das etapas, incluindo aquela que passou por Anadia. Fomos a Lisboa assistir a uma entrevista concedida pelo Joaquim Rosmaninho e dois companheiros, soubemos pormenores crus das dificuldades dos ciclistas sem apoio de equipa e, agora me recordo, até fomos à Mata a uma segunda entrevista. O Anastácio desafiou-me a fazer de bicicleta o caminho desde Anadia. O que ele arfou a subir a avenida!

    Para ser franco com V.ª Ex.cia, ainda não sei o que fazer. Preciso de ler os registos antigos e ver o que me traz a nova viagem com o Anastácio. Saiba porém que, como sempre, farei o que me aprouver.

    De V.ª Ex.ª cr.do at.º obr.do,

    Escrivão

     
  • ruigodinho1962 15:46 on 27/11/2016 Permalink | Responder  

    Um festejo e um lamento 

    A equipa do dia foi relativamente pequena, pois apenas quatro elementos estavam disponíveis. Todos os outros tiveram que faltar pelos mais variados motivos, mas nem todos muito simpáticos. Destaca-se aqui o nosso atleta Ruben, que na 6ª-f. sofreu um acidente no treino de pista no Velódromo de Sangalhos. Os efeitos são bem visíveis e impressionaram deveras os três visitantes em retorno da tradicional volta a Cantanhede-Pena.

    Três visitantes, porque o quarto elemento era o próprio pai do Ruben, cuja celebração de meio século de idade nos levou a um excelente complemento da nata na sua própria casa.

    Sim, porque também fotos à nata! E que deliciosa estava!!!

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    • nunorosmaninho 21:20 on 27/11/2016 Permalink | Responder

      Parabéns ao Paulinho Antilouro! Cinquenta anos é uma bela idade para quem já não pode ter quarenta. Aviso que não tenciono transpor a fotografia do Rúben para a versão autónoma das Viagens Cíclicas. A queda deve ter sido assustadora. Bicicletas sem travões e com pedaleira presa são um bicho perigoso. Há razões para ter cuidado mas não para parar. Ouviste, Rúben?

      • Ruben Saldanha 19:48 on 28/11/2016 Permalink | Responder

        Obrigado por todo o apoio que me prestaram!!!
        Não é por esta queda que vou parar!!
        Domingo se estiver tempo bom possivelmente alinharei em mais uma volta com vocês!!
        Mas preparem se porque desta vez a Coluer pode estar de volta.
        Sexta feira a oito dias estarei de volta a pista para mais um treino, sem nunca esquecer o passado, mas focando me no futuro!!!

        • topedrosa 10:47 on 29/11/2016 Permalink | Responder

          Como diria um treinador nosso conhecido, ciclista que nunca caiu, não é ciclista !
          Força Rúben. Mas não muita ao Domingo, não temos Coluer para acompanhar … 😉

  • nunorosmaninho 11:22 on 25/11/2016 Permalink | Responder  

    Carta do leitor que nada esquece 

    Quinta do Cabo, Mata, 25 de Novembro de 2016.

    Ex.mo Senhor Escrivão,

    Disseram-me que veio ao portão de minha casa saber se eu estava. Foi pena que nos tivéssemos desencontrado. Vou combinar uma data mais certa com o Anastácio. Entretanto, passe pela loja do Maneco. Se não me encontrar, nada perde porque visita o seu avô e, quem sabe, talvez lá veja o próprio Joaquim.

    Por agora, quero apenas lembrar-lhe que não é a primeira vez que narra uma corrida opondo Joaquim Rosmaninho e Alfredo Trindade. Há três anos, numa das primeiras viagens feitas no Packard do nosso comum amigo, teve acesso à corrida As duas voltas à Bairrada, realizada no dia 10 de Agosto de 1933, e que não é senão a que acabou de contar com outro nome. Nessa ocasião, disse que o Joaquim atacou logo na partida e o Trindade recolou. Na segunda volta, o Joaquim voltou a atacar na descida do Buçaco para a Mealhada e foi aí que teve o furo. Estas informações, perdidas lá atrás, deviam ter sido articuladas com a nova narração.

    Começo a temer que conte uma história diferente de cada vez que vai ao passado do ciclismo. Faço-lhe este aviso amistoso porque, ao que percebo, vai entrar na IV Volta a Portugal, matéria sobre a qual também já escreveu. O que pensa fazer? Esquecer o que disse? É um azar para si que, tendo tão poucos leitores, logo lhe tenha calhado um como eu, que nada esquece.

    De V.ª Ex.ª cr.do at.º e obr.do,

    Vasconcelos, velho homem da Mata

     
  • nunorosmaninho 15:08 on 24/11/2016 Permalink | Responder  

    Serra da Estrela, 10 de Setembro de 2016 

     
  • nunorosmaninho 15:05 on 24/11/2016 Permalink | Responder  

    Facilidade pouco heróica: o vídeo 

    E assim, dois meses e meio depois de a serra da Estrela ter sido subida, chega o vídeo dos quatro ciclistas e um escrivão. Não esperem primores de técnica videástica. Lá estão o Periglicófilo, o Informático Motard, o Jorge e o Gonçalo. No próximo ano haverá mais.

     
    • Rui 21:13 on 24/11/2016 Permalink | Responder

      Facilidade???!!! Que título enganador! Facilidade apenas para alguns, é o que é!

  • nunorosmaninho 09:53 on 24/11/2016 Permalink | Responder  

    Um triunfo brilhante de Alfredo Trindade 

    «O circuito das Termas da Bairrada foi a parte do programa da Semana Desportiva da Curia que mais entusiasmo despertou na Bairrada.

    Apesar de ser disputado em dia de semana, quinta-feira, o público acorreu em grande número, ávido de presenciar a luta entre os ases do pedal.

    À partida alinharam nove concorrentes que seguiram em pelotão até meio do percurso da primeira volta onde uma marcha acelerada dos melhores obrigou os menos reputados a ceder terreno. O pelotão tem três baixas, mas os seis restantes lá continuam na árdua tarefa da fuga.

    À passagem da Curia, Trindade e Rosmaninho comandam a prova, rendidos de vez em quando no percurso que segue por Fernando Almeida e Damião Lino.

    Na Moita, já na segunda volta, só, vão na cabeça da corrida os três sportinguistas, Trindade. Almeida e Damião, de companhia com Rosmaninho. A enorme subida para o Luso é galgada em marcha acelerada cada qual no desejo de se isolar na dianteira. Damião Lino atrasa-se com um furo, e Almeida, Trindade e Rosmaninho entram no Buçaco a tentar a última chance. Rosmaninho tem um furo; Trindade aproveita o incidente e larga em corrida vertiginosa para a Mealhada, deixando Almeida para trás. O pequeno leão faz um final de prova estupendo conseguindo um razoável avanço sobre o segundo, quatro voltas ao Parque da Curia.

    Damião Lino que vinha tentando chegar-se ao pelotão dianteiro, entra na Curia em seguida ao seu companheiro de equipa, Fernando Almeida, passando Rosmaninho, que tivera de aguardar o seu carro de apoio para remediar o furo.

    José Pernas é o quinto a cortar a meta, e mais distanciados chegam os representantes salgueiristas, José Sousa e Domingos Dias, fechando a série Adalberto Soares, do Foot-Ball Club do Porto.

    José Alves Barbosa, do Ginásio Club Figueirense, desistiu já na segunda volta por avaria na máquina.

    A classificação final ficou como segue:

    dsc_0929

     
  • nunorosmaninho 09:33 on 23/11/2016 Permalink | Responder  

    As corridas voltam à Curia 

    Quando Joaquim Rosmaninho se entregou ao sonho de correr a Volta a Portugal, dominava-o a ambição e a esperança. O seu neto ouviu-o dizer muitas vezes que não tinha medo de se bater com José Maria Nicolau e Alfredo Trindade. Não sei se alguma vez se superiorizou a eles, mas aquela declaração exprimia nos anos de velhice a doce lembrança dos desafios que agora vos estou contando.

    Antes da Volta de 1933, assistiu-se na Curia ao regresso do ciclismo. No âmbito da «Semana Desportiva da Curia», durante a qual se realizaram provas de atletismo, jogos de ténis de mesa e o circuito das termas da Bairrada, Joaquim Rosmaninho não esteve nos seus melhores dias. E não foi decerto por falta de apoio, uma vez que, embora tenha decorrido a uma quinta-feira, houve muito público. No entanto, vendo bem, verifico que o vencedor foi Alfredo Trindade, que dentro de poucas semanas ganharia a Volta a Portugal, e os outros dois que lhe ficaram à frente eram também do Sporting. Atrás de si ficaram atletas do Salgueiros, do Sporting e do Porto. E vendo ainda melhor, encontro Joaquim Rosmaninho a atrasar-se por causa de um furo. Passo a descrever a corrida nos exactos termos em que me chegou.

    dsc_0928

     
  • nunorosmaninho 11:34 on 22/11/2016 Permalink | Responder  

    Vitória de Joaquim Rosmaninho na Mealhada 

    «Efectuaram-se na segunda-feira as corridas da Mealhada, em fortes e fracos, as quais despertaram na região um grande interesse.

    Verificou-se mais uma vez que o ciclismo continua sendo na Bairrada o grande desporto que movimenta e apaixona a sua população.

    A multidão que presenciou estas provas, organizadas sem pretensões, provou-o exuberantemente.

    A inscrição, nos fortes, reuniu quatro concorrentes: Gualter Lopes, do Coimbra Club, Joaquim Rosmaninho e Alexandre Ferreira, do Anadia Futebol Club, e José Alves Barbosa, do Ginásio, da Figueira.

    Às 17 horas, foi dada a partida para os dezanove quilómetros da primeira volta, seguindo os corredores em direcção à Pampilhosa e daqui subindo para o Luso. Gualter, Rosmaninho e Barbosa estabelecem logo uma luta violenta, conseguindo o representante do Coimbra Club, com o tempo de 38m30s, passar em primeiro lugar, com meio minuto de avanço sobre Rosmaninho e Barbosa que passaram juntos.

    Alexandre Ferreira desistiu nesta primeira volta.

    A segunda volta foi também duramente disputada, passando os três corredores na meta no mesmo tempo de 42 minutos.

    A última volta foi fatal para o representante do Ginásio; um furo veio obrigá-lo a abandonar a luta pela vitória. Rosmaninho sentiu-se só, com Gualter mais atrasado e cortou a meta em primeiro lugar, com 43 minutos gastos nesta volta e 2 horas e 4 minutos no percurso total.

    Gualter Lopes classificou-se em segundo, a um minuto de diferença, e Barbosa em terceiro, cinco minutos depois do primeiro.

    O Anadia Futebol Club ficou de posse da Taça Santana

    dsc_0926

     
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