Na sexta-feira, três dias antes da viagem à Torreira, ocorreu o seguinte diálogo:
Físico: Acho que haverá boas condições para irmos até à Figueira ou até à Torreira.
Informático Motard: Amanhã ou domingo? Eu nas dinâmicas aqui em casa preferia domingo.
Físico: Também preferia domingo.
Periglicófilo: Eu sugeria a Torreira, para facilitar a vida ao Escrivão e também para aceitar a sugestão do Vendedor de percorrermos os passadiços junto à ria.
Escrivão: Obrigado. Só posso no domingo.
Periglicófilo: Está a tendência para domingo, onde o tempo parece melhor. Há o senão de haver mais gente na rua…
E havia, sobretudo à tarde. Em contrapartida, os buracos na estrada eram os mesmos, às vezes inesperados.
Físico: No regresso passamos de ferryboat? Quais são os passadiços por onde o Paulinho quer passar?
Periglicófilo: São a sul de Estarreja. Teríamos de voltar para trás.
Vendedor: Não sei se posso no domingo. Amanhã confirmo. Nos passadiços, para se andar só mesmo de BTT. As frestas da madeira são muito abertas.
Informático Motard: Informático Ferroviário, vais?
Informático Ferroviário: Não dá. Estou de piquete.
Informático Motard: Torreira sem ferry são quantos quilómetros?
Periglicófilo: À volta de 130. Curia/Albergaria: 33 quilómetros (menos de 1h30). Albergaria/Torreira: 31 quilómetros (ainda menos, porque é como ir para Tomar e o vento não estará contra). Torreira/Costa Nova: cerca de 50 quilómetros (um pouco mais de duas horas). Costa Nova/Curia (por Ílhavo): cerca de 44 quilómetros (mais duas horas). Total acima dos 150 quilómetros devido ao desvio pela Costa Nova e a não virmos de ferry. Se sairmos do Patrocinador às 9 horas, 9h15 no Modelo e 9h30 em Avelãs, cerca das 10h30 em Albergaria e pouco depois das 12 na Torreira. Isto é apenas um esboço, que poderá ser aperfeiçoado por qualquer um a qualquer momento.
Vendedor: 8h30 no Patrocinador.
Periglicófilo: Ok. O nosso Vendedor manda. Tem primazia por ter optado por pedalar connosco. Físico, se preferires, 8h45 no Modelo. Motard, 9 horas em tua casa. Escrivão, cerca das 10 horas no Framboesa 2, em Albergaria-a-Velha. Se souberem de outro local melhor, proponham. Só falei nesse pelas boas condições de controlo sobre os cavalos.
Escrivão, determinado mas distraído: Muito bem! Lá estarei às 10 na Framboesa com o cavalo à porta. É a Framboesa 1?
Vendedor: 2. É a única que tem estábulo.
No domingo, eram 9h54 quando cheguei, fiado no GPS, à Framboesa 2. Logo depois, assomaram os amigos. Ficámos na esplanada a tomar café e a dizer disparates. Seguimos com proficiêsncia até Estarreja e, felizes com a ausência de vento, chegámos à Torreira muito depressa e sem cansaço. Discorremos sobre o local do almoço e, depois de escolhermos, não nos arrependemos da vitela e da carne de porco à portuguesa. Fonos tão bem atendidos que, à saída, a simpática empregada nos ofereceu um cálice de licor Beirão, que só o Informático Motard não sorveu. Como o ferry só zarpava às cinco e meia, decidimos que não íamos a São Jacinto. Assim, podíamos regressar a Estarreja, passar por Aveiro, e comer cabras-cegas na Costa Nova e bolo em Ílhavo. O Periglicófilo fez a fotografia do grupo e pô-la no grupo do WhatsApp.
Informático Ferroviário: Onde está o Peninha?
O Periglicófilo respondeu-lhe, em inglês, que não sabia.
Informático Ferroviário: Bom almoço e bom regresso. Talvez ainda vos apanhe pelo caminho.
Periglicófilo: Obrigado! Seria bom. O nosso Vendedor está com o vício das cabras da Costa Nova, mas o Escrivão já avisou que a Eugénia tem lá um bolo para nós! A vida está complicada!… Boa volta!
Às 16h42, estava o Informático Ferroviário em Portomar, de onde enviou a fotografia de um café e um pastel de nata. Acrescentou que merecia duas natas por causa do esforço a que vento o sujeitou. E perguntou quem tinha pagado na Framboesa, uma vez que lhe pertence essa escrituração.
A essa hora já eu me encontrava em Anadia, junto a uma clínica, sentado numa cadeira, a boca e o nariz encerrados numa máscara, ouvindo funcionárias com uma alegria exuberante no momento de fazerem o teste da Covid.
Escrivão: Pagou o Vendedor. Infelizmente, o Rui caiu ainda antes de Estarreja. Estamos a ver se lhe fazem uma radiografia ao cotovelo.
Informático Ferroviário: Mau, espero que sejam apenas umas nódoas negras e nada partido.
O Periglicófilo saiu pouco depois desta troca de mensagens e respondeu às preocupações.
Periglicófilo: Por fora não se vê nada, mas dói muito. Pelos vistos, nada de grave e muito menos fractura. Já estou medicado e vai correr tudo bem.
Neste momento, os quilómetros e as velocidades tinham passado para segundo plano. Mesmo assim, ficou a referência do Físico: 145 quilómetros com uma rapidez média de 23,5 quilómetros por hora.
O diálogo prosseguiu na segunda-feira.
Informático Motard: Como está o braço?
Periglicófilo: Uma segunda opinião confirmou as suspeitas de que ontem o serviço não foi bem feito. Tenho um ossito fracturado e deslocado. Vão imobilizar o braço e amanhã venho à consulta de especialidade, pois não está arredada a hipótese de cirurgia. É uma porrazita chamada tecícula. Pouco maior do que uma moeda.
Na terça-feira:
Periglicófilo: Afinal, havia outra. Eram duas fracturas. Felizmente não foi preciso cirurgia. Três semanas de atestado, pelo menos.
Físico: O importante agora é que melhores rapidamente. Com o braço assim não dá muito jeito para pedalar.
Periglicófilo: Desequilibra para a direita!
Havia, como disse, um buraco na estrada.
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