Updates from Maio, 2015 Toggle Comment Threads | Atalhos de teclado

  • nunorosmaninho 20:21 on 30/05/2015 Permalink | Responder  

    Qualidades de um general 

    Ex.mo Senhor Escrivão,
    Ao seu espírito pusilânime talvez escape a importância de um general sagaz para vencer a Serra da Estrela. Sun Tzu escreveu longamente sobre o assunto. Para «marchar dignamente à frente dos outros» ciclistas, disse ele, o chefe de fila deve conhecer bem os percursos e apresentar coragem, determinação, rigor, equidade, disciplina e «amor pelos subordinados». Dominando os ciclistas às suas ordens e conhecendo bem o espaço da acção e o tempo disponível para ela, o general regulará com precisão a marcha das tropas. Iniciará a campanha no «momento azado», manter-se-á informado «da quantidade e do estado em que se encontram as munições e os víveres», distribuirá «recompensas com liberalidade, mas com critério» e não poupará «castigos, quando necessários». (Capítulo I)
    Sun Tzu conserva sempre um modo cordial. Pela minha parte, preferia que fosse mais imperativo e não transmitisse falsas esperanças. Os ademanes literários enervam-me. A V.ª Ex.cia, pelo contrário, devem agradar. Gosta decerto das partes em que, dirigindo-se ao leitor, o incita a tornar-se general, coisa que, como e evidente, poucos conseguem. Mesmo assim, pergunta com excessiva cordura ao leitor se se acha capaz de exercer o comand0 velocipédico. Tens as qualidades necessárias? – questiona ele. E excedendo-se em simpatia, conclui: «Conquistados por tuas virtudes e tuas capacidades, os oficiais colocados sob tuas ordens te servirão tanto por prazer quanto por dever. Eles se espelharão em teu exemplo; o exemplo deles servirá para os subordinados, e os soldados rasos, por sua vez, tudo farão para te assegurar o mais glorioso sucesso.»
    A escalada será portanto uma batalha que os ciclistas lograrão realizar graças à astúcia do general, que para vencer a Serra da Estrela terá de a enganar, como provarei na carta imediata.
    De V.ª Ex.cia Cr.do At.º e Obrig.do,
    Vasconcelos, velho homem da Mata
    P.S. Os vossos reparos não me comovem. São queixas de quem se vitimiza em vez de enfrentar a realidade. O senhor Escrivão dedicou o fim deste sábado a subir as ladeiras de Antes-Sepins, Ventosa-Arinhos, Mata-Óis e Tamengos-Horta. Sim e também venceu a rampa da Pensão Lourenço. Que importância tem isso? Não seja maçador. O seu primo, o digno Patrocinador, quando era rapaz, fazia toda a ladeira de Óis de costas, quase sentado no guiador.

     
  • nunorosmaninho 14:46 on 30/05/2015 Permalink | Responder  

    O Escrivão diz que está a preparar a resposta 

    Na sua bem proporcionada cólera, o Periglicófilo insurgiu-se contra a hermenêutica do senhor Vasconcelos acerca da primeira ida a Fátima. Que Vasconcelos é este que tanto se irrita e nos cansa? Recordo com pesar que não soubemos falar com ele quando o vimos no almoço do Café Maneco. Nem chegámos a saber o que foi comprar. É uma falha que espero ver reparada num próximo regresso aos anos de 1930. Entretanto, chegou mais uma carta desse venerável homem que continua a construir um algoritmo pessoal para a subida da Serra da Estrela. Sinto-me obrigado a responder mas só depois de uma severa meditação.

     
  • nunorosmaninho 08:39 on 29/05/2015 Permalink | Responder  

    Comando forte 

    Ex.mo Senhor Escrivão,
    A obediência que provém da hierarquia constitui um dos mais altos valores da arte da guerra. Para subir a Serra da Estrela, é preciso que, antes de tudo, surja um líder que conheça o inimigo, pondere as circunstâncias e exerça a disciplina. «O general que domina a arte da guerra é o árbitro do destino do povo e dos rumos da vitória.»
    Já escolheram o estratega da corrida? Quem é o vosso Sun Tzu? Quem estudou em pormenor o percurso? Quem definiu as velocidades? Alguém delineou planos de contingência? Sois amadores?
    «Na guerra, o essencial é a vitória e não campanhas prolongadas.» Por isso, «aqueles que dominam os verdadeiros princípios da arte militar não atacam duas vezes. Tudo termina já na primeira campanha.» (Capítulo II) Foi a falta de um general que frustrou a vossa primeira ida a Fátima. Quereis repetir o erro? Há, entre vocês, um chefe de fila? Um líder autêntico? Cuidado. Não é general quem quer, como indicarei amanhã.
    De V.ª Ex.cia Cr.do At.º e Obrig.do,
    Vasconcelos, velho homem da Mata

     
    • ruigodinho1962 09:36 on 29/05/2015 Permalink | Responder

      Alguém diga a este senhor que começa a ser embirrento e embirrante! Ele esquece-se que a primeira tentativa a Fátima não foi frustrada, mas que o regresso antecipado se deveu exactamente ao facto de alguém ter aquela vontade enorme de atingir um objectivo. Não ponderou, é certo, as suas aptidões físicas, mas se todos abordarem a Estrela com essa mesma vontade e coragem, decerto sobrarão forças! Ele que comece a dar umas voltas de bicicleta!!!

      • GM 14:30 on 30/05/2015 Permalink | Responder

        Mas… cuidado! Lá diz Séneca:
        “Onde há alturas, há grandes precipícios.”

  • nunorosmaninho 09:55 on 28/05/2015 Permalink | Responder  

    Tens um inimigo: derrota-o 

    Ex.mo Senhor Escrivão,
    V.ª Ex.cia mostrou muito prosaicamente no último procedimento que a escalada tem dois elementos: o ciclista e a serra. A sua alarmante ingenuidade transformou a serra num constituinte fixo e o ciclista no centro das atenções. Pense melhor. A Serra da Estrela é um inimigo ao qual o ciclista deve conceder tantos cuidados como a si próprio. Sun Tzu pôs em três frases aquilo que V.ª Ex.cia andou dias infindos a repenicar: «Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso. Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas possibilidades de perder e de ganhar serão idênticas. Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas.» (Capítulo III)
    Isto é apenas o princípio. Se estou bem informado, a guerra contra a Serra da Estrela não será feita por um indivíduo agindo isoladamente mas por vários constituindo um grupo. O desafio é portanto colectivo. Séneca ainda vale numa escalada solitária. Um ataque em equipa reclama os princípios de Sun Tzu, nomeadamente um comando forte e a obediência estrita, como mostrarei amanhã noutra carta.
    De V.ª Ex.cia Cr.do At.º e Obrig.do,
    Vasconcelos, velho homem da Mata

     
  • nunorosmaninho 13:54 on 27/05/2015 Permalink | Responder  

    O senhor Vasconcelos encara a Serra da Estrela a partir da arte da guerra 

    Ex.mo Senhor Escrivão,
    V.ª Ex.cia, cordata criatura que com pouco se aquieta, deu-se ao suave desplante de se zangar. Que medo! Quase me arrependo de o ter provocado. Agora, a sério: tenha juízo! As subtilezas do seu pensamento arrepiam-me os nervos e dão-me ganas de o maltratar. Séneca e Marco Aurélio estão obcecados com a firmeza de espírito. Ora, para alcançar o cume da Serra da Estrela prefiro a arte da guerra.
    Há no algoritmo de V.ª Ex.cia inanidades que Sun Tzu facilmente expõe. Não se queixe, uma vez que permanecemos na Antiguidade. Deixe-me pôr as coisas de modo que compreenda. Os grandes feitos alcançam-se com visão, estratégia e método. A Serra da Estrela é o inimigo. A escalada é a batalha final de uma guerra que, como talvez saiba, «é o reino da vida e da morte».
    V.ª Ex.cia sugeriu aos incautos leitores que tudo se joga na cabeça do ciclista, ao ponto de esta parecer o seu maior inimigo. Não é assim. Não pode ser assim! O sucesso dos ciclistas depende de factos tão objectivos como «a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina.» (Sun Tzu, A Arte da Guerra, capítulo I. Porto Alegre, L&PM, 2006.) É o que começarei a desvendar na próxima carta.
    De V.ª Ex.cia Cr.do At.º e Obrig.do,
    Vasconcelos, velho homem da Mata

     
  • nunorosmaninho 08:46 on 27/05/2015 Permalink | Responder  

    Os limites só se definem em confronto com o sujeito que os testa (Procedimento 13) 

    O senhor Vasconcelos é sempre implacável. Desta vez, não se limitou a atingir-me, quis acertar no próprio Séneca. Ora, já que me coube trazer o ilustre filósofo a estas lides, eu próprio terei de o defender. Saiba o senhor Vasconcelos que os seus ataques me fizeram ir mais adiante e deduzir um último procedimento. É provável que tome isto como um desafio. Pois bem: é mesmo. Alguém pode supor que Séneca, reflectindo sobre a escalada da Serra da Estrela em bicicleta, perca de vista a relação entre o sujeito e os seus limites?
    A inteireza de ânimo seria um voluntarismo ridículo se o ciclista não avaliasse a sua empresa, se não colocasse na balança as suas forças e os seus projectos. «Com efeito», afirma Séneca, «devemos sentir-nos sempre superiores à tarefa que realizamos: um fardo desproporcionado só pode esmagar quem o carrega.» Já ouço o senhor Vasconcelos a resmungar contra esta sobranceria, que contradiz o procedimento cinco. Ora, quando o filósofo diz que não devemos aventurar-nos num «negócio em que poderíamos correr o risco de ficar sem saída», não pretende ver os ciclistas contentando-se com o Moinho do Pisco. Incita-os a trabalhar para tornarem realizáveis os cometimentos difíceis e só os empreenderem quando tiverem «esperanças de os terminar». (Séneca, Da Tranquilidade da Alma, VI, 6.)
    Não se exalte, senhor Vasconcelos! As esperanças não são uma lotaria, um produto do acaso, um fruto maduro que nos caia no regaço. Isso é a preguiça! As esperanças nascem do reconhecimento de que os limites só se definem em confronto com o sujeito que os testa. Entendeu?

     
  • silva1t 22:25 on 26/05/2015 Permalink | Responder  

    O Moinho do Pisco e os Informáticos 

    Ainda com o calor de Maio, os dois informáticos largaram os algoritmos básicos para processadores de 32 e 64bits e lançaram-se em mais uma conquista do Moinho do Pisco. Não ousaram fazer a subida na velocidade alucinante do nosso habitual escrivão…mas, para que conste, cumpriram a meta dos 30 minutos. Voltaram para casa ainda com o sol no horizonte e continuaram a lutar com algoritmos básicos e com os demais aspectos da vida quotidiana. Fica ainda o registo que a Serra da Estrela voltou a ser assunto de conversa.

     
    • topedrosa 03:51 on 27/05/2015 Permalink | Responder

      Primeiro artigo desde o arranque do blog em Fevereiro 2012. Isto é quase tão bom como uma subida à Serra da Estrela …
      Estás de parabéns, continua 🙂

    • nunorosmaninho 08:42 on 27/05/2015 Permalink | Responder

      O proponente das Viagens Cíclicas mostra enfim a sua voz. Saudações!

  • nunorosmaninho 09:26 on 26/05/2015 Permalink | Responder  

    Tudo normal – Cantanhede, 24 de Maio de 2015 

    Há normalidade no calor de final de Maio, no vento forte, na presença de sete velocipedistas, na peregrinação a Cantanhede, nas natas da Nova Cidade, nas conversas ao canto da esplanada, nas pujantes anedotas e ditos de espírito do Lenhador, no regresso pela Pena e na adegal paragem. Há rotina no encontro em casa do Periglicófilo, na abundância de ciclistas por todas as estradas, nos piques do Rúben atrás dos que passam, nas voltas às rotundas para esperar pelos retardatários, nas acelerações à entrada de Cantanhede e nas disputas que o Rúben quer vencer. É habitual que o Físico falte com a promessa de regressar com bom ânimo e em pior forma. Estranho, muito estranho, quase bizarro, é que o Lenhador diga que não vai em corridas e telefone às nove da manhã para integrar o pelotão, assim cumprindo duas viagens cíclicas consecutivas.

     
  • nunorosmaninho 19:12 on 24/05/2015 Permalink | Responder  

    O senhor Vasconcelos revolta-se contra o procedimento doze 

    Ex.mo Senhor Escrivão,
    Já sabia, desde que ousou entrar no algoritmo de Séneca, que a tarefa lhe ia correr mal. Agora, é V.ª Ex.cia que toma consciência disso. Com que então as coisas começam a ficar complicadas?! Hão-de piorar. Partiu de premissas erradas e por isso falha até naquilo em que podia acertar. Fugiu a analisar os paradoxos estóicos julgando escapar à sua existência. Não, meu caro Senhor! Desse modo, apenas se enredou e perdeu. Tanta energia a cultivar a mente para acabar numa promessa de desistência fácil! O que anda V.ª Ex.cia a escrever? O que anda V.ª Ex.cia a pensar? Cale-se.
    É o que estimo dizer-lhe, com a mais elevada estima.
    Vasconcelos, velho homem da Mata.

     
  • topedrosa 11:57 on 24/05/2015 Permalink | Responder  

    Transporte de suplementos alimentares com estilo 

    ima141b

     
    • ruigodinho1962 14:39 on 24/05/2015 Permalink | Responder

      Haverá disto para diospiros ou figos? Ou cerejas?…

    • topedrosa 18:54 on 24/05/2015 Permalink | Responder

      Vi uma versão para transporte de flor, mas não para outras frutas. A minha dúvida é se existe algum modelo para atletas que precisam de várias bananas por saída. É que pendurar 3 ou 4 acessórios destes no quadro … 🙂

    • nunorosmaninho 19:11 on 24/05/2015 Permalink | Responder

      Valha-me Deus! Isto existe mesmo? É um descrédito para o ciclismo e para os ciclistas. Não me perguntem porquê.

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