As bicicletas na missa – Algures, 16 de Julho de 2023
Saíram para a estrada, ao que sei, os três sportinguistas do grupo, que são também os principais candidatos à viagem a Fátima no próximo fim-de-semana. Imagino que subiram o Buçaco para incrementar a preparação.
A essa hora, eu descansava dos quatro treinos de rolos, realizados durante a semana, e o meu pai, no seu posto de observação sobranceiro à igreja de Tamengos, concluía que toda a gente vai à missa de automóvel. Em menino, impressionava-me uma mulher, a que nesse tempo se chamaria velha, dobrada por doença de coluna, que vinha de Horta, distante coisa de dois ou três quilómetros, apoiada na bengala. Voltava a casa pelo mesmo caminho, subindo o monte da Cabreira. A maioria dos fiéis católicos ia à missa a pé ou de bicicleta. As crianças mais ladinas deixavam-se ficar no adro a observá-las encostadas aos muros e, assim que se ouvia a voz do padre e o som do órgão, a experimentá-las.
– Só vêm duas pessoas à missa de bicicleta. A fulana, que mora no Choiso, e a tua tia Odete.
– Daqui a vinte anos, haverá muito mais.
Justifiquei a previsão com a sociologia, o bem-estar e o meio ambiente, embora estivesse apenas a formular um desejo que obtemperasse a decepção.
ruigodinho1962 09:28 on 24/07/2023 Permalink |
Há pouco mais de 50 anos era a pé que se percorriam os caminhos da Fé. Se calhar havia menos automóveis a deslocar-se à igreja de Tamengos do que há hoje bicicletas.
De minha casa será cerca de 1,5Km, feitos quase totalmente em terra batida. Em dias ventosos de Verão, o incómodo era a poeira levantada; no Inverno era necessário algum ‘slalom’ (como se dirá isto em Português? O tradutor propõe ziguezague…) para contornar as múltiplas poças de água.
E isto acontecia em dias de Missa, Catequese, funeral ou outro qualquer motivo para a travessia pedestre da Várzea.