Updates from Dezembro, 2016 Toggle Comment Threads | Atalhos de teclado

  • nunorosmaninho 10:54 on 31/12/2016 Permalink | Responder  

    Epílogo do ano 

    Neste ano que agora termina, a safra ciclística não foi magnífica, não foi má, foi mediana como os ciclistas destas viagens. Registou-se uma baixa acentuada da quilometragem, compensada pelo vigor do Rúben que, sozinho, andou quase tanto como os velhos juntos. O Escrivão não chegou aos três mil, o Periglicófilo não chegou aos cinco mil e o Informático Ferroviário não chegou aos seis mil. E isto é adoçar a realidade. O Escrivão tocou apenas os 2600, o Periglicófilo mal ultrapassou os 4000 e o dito Informático galgou à justa os 5000. Dos outros colegas, não tenho notícia. Subiram uma só vez a serra da Estrela, foram duas à Figueira da Foz, não mais do que uma a Fátima e nenhuma ao Caramulo. Treinaram bem no Moinho do Pisco e pouco andaram pelo Buçaco. O Periglicófilo não foi a Sever do Vouga, nem à serra da Freita, nem a Tomar ou a Santarém. Ninguém foi à Costa Nova! A fotografia do jantar no Patrocinador nunca apareceu.

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    • topedrosa 18:49 on 31/12/2016 Permalink | Responder

      Para a veracidade dos factos relatados pelo Escrivão, fiz agora os poucos quilómetros que faltavam para ter uma conta quase certa. Fiquei-me pela capicua 5005. Menos 1000 do que o ano passado. Nem sei bem se o ano passado foi bom ou este fraco. No final de 2017 logo veremos para que lado a balança inclina. Que haja muita pedalada, sempre em boa companhia. E como diria o outro, há mais vida além dos números.

      Feliz ano 2017 para todos.

      • nunorosmaninho 22:47 on 31/12/2016 Permalink | Responder

        Boas entradas! Boas pedaladas! E que a serra da Estrela esteja connosco.

    • Graça Matos 23:40 on 04/01/2017 Permalink | Responder

      Para quando a escala do Pico? É mais alto e eu gostava muito de visitar os Açores…
      Um ano muito feliz, com muita pedalada!

  • nunorosmaninho 16:58 on 30/12/2016 Permalink | Responder  

    Odor a fim 

    O termo da IV Volta a Portugal desencadeou uma série de notícias sobre ciclismo. Manuel Prior retomou os treinos e preparava-se para competir antes dos rigores do Inverno. Joaquim Rosmaninho, Gualter Lopes, Joaquim Maria Davim e José Alves Barbosa participariam na IV Lisboa-Coimbra. Anunciava-se uma grandiosa VI Volta ao Luso. Houve corridas para campeão distrital. Em 24 de Setembro, decorreu a 5.ª Volta dos Campeões, na Figueira da Foz, onde Joaquim Rosmaninho declarou estar presente e faltou. Aqui estiveram os principais corredores da Volta a Portugal: ganhou Gil Moreira, do Benfica, Nicolau ficou em nono e Trindade em décimo terceiro. Veio a seguir, em 22 de Outubro, o IV Lisboa Coimbra e Joaquim Rosmaninho reincidiu na ausência. Nesse dia de chuva, em que Trindade usou um resguardo de borracha e César Luís venceu ao sprint, A Voz Desportiva publicou fotografias e uma reportagem longa e circunstanciada.

    A VI Volta ao Luso, adiada para 12 de Novembro, passaria por Fornos, Sousela, Larçã, Pampilhosa Vila Nova de Monsarros, Anadia, Arcos, Malaposta, Mealhada, Cantanhede, Ançã e Coimbra, na distância de 85 quilómetros. Chegou o dia 12 e a corrida não se realizou. Termina assim abruptamente o ciclismo de 1933, sem qualquer outra referência a Joaquim Rosmaninho.

    Havia desalento nos adeptos. A Voz Desportiva fez um balanço negativo e lamentou que a Bairrada já não fosse aquele alfobre de ciclistas que havia sido: «Foi esta temporada talvez ainda mais pobre do que a anterior. É que nem merece a pena fazer um rápido balanço de corridas e corredores em 1933. Além de poucas provas de valor disputadas, não foi o ano também propício à revelação de novos ciclistas na nossa região. A Bairrada – o alfobre dos ciclistas – parece estar em crise; não forneceu aos clubes desta cidade a principal matéria-prima, os corredores…»

    Há no ano de 1933 um odor a fim. Manuel Prior não regressou e Joaquim Rosmaninho desapareceu. Como será em 1934?

     
  • nunorosmaninho 13:12 on 28/12/2016 Permalink | Responder  

    Joaquim Rosmaninho é homenageado pelos amigos e abandona a ideia de participar na Volta de 1934 

     

    Gilbert, o jornalista de A Ideia Livre, foi à Mata da Curia entrevistar Joaquim Rosmaninho. Na sua modesta casa, «o popular e valoroso corredor bairradino» desfiou os lamentos sem os quais não se entende como participou na Volta a Portugal de 1933. Disse-se «sentido» com a falta de apoio aos «corredores da província». Apresentou os exemplos que já conhecem e quando o jornalista deu por encerrada a entrevista dizendo que tinha de terminar, Joaquim Rosmaninho desabafou uma última vez: «Sim, é melhor, porque se vou a contar tudo quanto passei…» Gilbert respondeu com um dito proverbial: «Agora… o que não tem remédio, remediado está e, como você vai, para o ano, participar na V Volta, isso será tudo recuperado…» Mas Joaquim Rosmaninho não se apaziguou. Bem pelo contrário, aquele homem sisudo, de olhar fechado, teve «vontade de rir». E retorquiu:

    «Com 33 anos, já não posso aturar estas coisas…

    Então não volta a correr?

    Volto. Com certeza já no próximo domingo na Volta dos Campeões na Figueira da Foz.

    Se for, provavelmente lá nos encontramos.»

    Foi neste ambiente de regozijo e raiva que os amigos e admiradores lhe ofereceram uma medalha no dia 17 de Setembro e lhe organizaram, três dias depois, um jantar de homenagem numa pensão da Curia. Já escrevi longamente sobre esta homenagem, o espaço da aldeia e a fotografia que perpetuou esse gesto de apreço. Como também já publiquei esta fotografia, ocorreu-me, à falta de outras imagens, fazer umas ampliações que dirijam o vosso olhar.

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  • nunorosmaninho 12:27 on 27/12/2016 Permalink | Responder  

    Na última etapa, até Lisboa, Rosmaninho teve dificuldade em conseguir um banho e foi entrevistado com dois colegas 

     

    Por incrível que pareça e por muito que vos desiluda, não sei o que aconteceu a seguir à Figueira da Foz. Melhor dizendo, desconheço se houve uma ou duas etapas para chegar a Lisboa. As notícias aludem a dezoito etapas, mas apenas sei das dezasseis que referi e da última. Assim, e à falta de informações mais detalhadas, apresento a notícia da chegada de Joaquim Rosmaninho a Lisboa.

    A Volta a Portugal de 1933 terminou no estádio do Lumiar, onde se esperava que estivessem milhares de pessoas. Não sei qual o lugar de Joaquim Rosmaninho nesta etapa, mas parece assente que chegou ao fim da Volta em 19.º lugar na classificação geral (entre os vinte e dois que a conseguiram finalizar) e a queixar-se com veemência dos percalços e das injustiças recebidas dos organizadores da prova.

    Ele, Domingos Dias e José Pigarro explicaram as suas queixas ao jornal República, que se referiu a eles como «três rapazes fortes», que se apresentaram na redacção «equipados à ciclista». José Pigarro e Domingos Dias eram do Porto, Joaquim Rosmaninho de Anadia, e os três representavam o ciclismo da «província». Não vou repetir a transcrição da entrevista. Quero lembrar que eles pretendiam agradecer à República o apoio concedido aos «corredores modestos» que não iam à frente e «protestar contra a maneira como os organizadores nos abandonaram em Lisboa». Sem o continuado auxílio do carro deste jornal, talvez tivessem desistido. Depois da chegada a Lisboa, explicou Pigarro, «o Rosmaninho, se se quis limpar, depois dum banho difícil de conseguir, teve de servir-se da própria camisola com que correra, cheia de pó e suor! Valeu-nos, aos três, a gentil cantadeira D. Ercília Costa e o sr. José Salgueiro, que nos pagou o automóvel para podermos vir para o hotel e nos obsequiaram em sua casa, e a Vassalo de Miranda. Se não fora D. Ercília Costa e o sr. José Salgueiro, teríamos de vir a pé até à Baixa.»

    Os factos foram reiterados por Joaquim Rosmaninho na entrevista ao jornal A ideia Livre. «Pelo que nos diz,» afirmou o jornalista, «foi então alvo de muitas injustiças, como os outros corredores da província e são verdadeiras as vossas reclamações que a República publicou e que A Ideia Livre transcreveu no último número.» Joaquim Rosmaninho confirmou: «São inteiramente verdade. Quando cheguei ao Estádio, nem um organizador me apareceu. Depois de esperar umas duas horas, consegui então dificilmente um banho e limpei-me à camisola com que corri, cheia de pó e suor. Viu-me, depois, a D. Ercília Costa, que já me conhecera em Viseu, mais o sr. José Salgueiro e é que pagaram o automóvel para eu, com o Dias e o Pigarro, irmos para o hotel, senão teríamos de ir a pé para a Baixa.»

    Dizem que é dos vencedores que reza a história. Deles são também as fotografias antigas, como esta em que Alfredo Trindade, o grande protagonista da Volta de 1933, cumpre os últimos metros da prova. A fotografia foi colhida na revista Ilustração de 16 de Setembro. Aproveito para oferecer algumas estatísticas extraídas de A Voz Desportiva. Os ciclistas percorreram 2531 quilómetros. O vencedor realizou uma média de 27,165 quilómetros por hora. Joaquim Rosmaninho demorou mais sete horas e por isso a sua média foi de  25,16 quilómetros por hora.

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  • nunorosmaninho 21:29 on 26/12/2016 Permalink | Responder  

    No dia 5 de Setembro houve descanso 

    No dia 5 de Setembro de 1933, os corredores da Volta a Portugal descansaram na Figueira da Foz. A Voz Desportiva aproveitou para salientar a dureza da prova e afirmar que todos os que chegarem ao fim serão vencedores. «Alves Barbosa, Rosmaninho e Joaquim Davim têm continuado, pois, a merecer as simpatias dos seus conterrâneos e admiradores. Pouco resta para terminar. Que o seu desportivismo os leve a, pelo menos, manter até ao fim as posições que com todo o sacrifício têm assegurado.»

     
  • nunorosmaninho 11:06 on 24/12/2016 Permalink | Responder  

    Na 16.ª etapa, Rosmaninho reclamou um protagonismo ue muitos jornais não lhe concederam 

    Joaquim Rosmaninho sabia que por cada admirador um atleta tem sempre dois detractores que esperam a oportunidade de desdenhar. Para estes últimos, a ocasião seria, na opinião de Rosmaninho, a passagem por Anadia. Quando metade dos ciclistas já havia desistido, parecia natural que ele, ao passar pela sua terra, desmontasse da bicicleta e fosse para casa tratar das courelas. Na mesma entrevista à Ideia Livre, não ocultou os momentos de desânimo mas mostrou que a sua determinação vedava-lhe um abandono por razões anímicas. Quando o entrevistador disse que fazia ideia da sua arrelia, interrompeu-o: «Só uma grande força de vontade fez com que eu não desistisse, como alguns pensavam, quando eu passasse em Anadia… Mas não. Poderiam faltar outros tantos quilómetros para percorrer, que eu chegaria ao final.»

    Esta entrevista aproximou-nos da passagem de Joaquim Rosmaninho pela Bairrada na Volta a Portugal de 1933. Criticou os jornais pela falta de rigor informativo: «Ora… ora: Os jornais!… Quantas e quantas vezes passei eu, a comandar o pelotão dianteiro, em diversas localidades e só raras vezes é que eles o noticiavam. Na etapa Aveiro-Figueira, de Sangalhos a Ponte de Viadores, o pelotão dianteiro foi sempre comandado por mim, quando os jornais diziam que o primeiro a passar na Mealhada foi o José Marques.»

     
  • nunorosmaninho 22:52 on 23/12/2016 Permalink | Responder  

    Na 16.ª etapa, Rosmaninho queixou-se de tratamento desigual à chegada 

    Duas semanas depois, o jornal de Anadia publicou uma entrevista com Joaquim Rosmaninho. Assim que a Volta terminou, os «corredores da província» queixaram-se das injustiças e da falta de apoio da organização. Esta circunstância teve um episódio ilustrativo nesta etapa, quase a chegar à meta.

    «Quantas vezes,» declarou Joaquim Rosmaninho na sua modesta casa na Mata da Curia, «em etapas, perto da chegada, ia em bom lugar, mas a falta de apoio obrigava-me a atrasar e ainda por injustiças, como me sucedeu na etapa Aveiro-Figueira, que a quatro quilómetros da chegada tive um furo e o Manuel Bento, da Figueira, que me acompanhava, prontificou-se a emprestar-me a máquina em que ia, ficando a arranjar a minha. Veio um dos organizadores, perto de mim, e falou-me de um modo arrogante:

    – Então você por ter um furo é preciso mudar de máquina? Desça imediatamente se não quer ser desclassificado.

    Desci e lá fiquei eu mais uma vez, com a minha paciência, a reparar mais um furo, enquanto os outros passaram por mim; mas mais adiante, uns conterrâneos do Alves Barbosa esperavam-no com uma bicicleta de pista, que ele substituiu por aquela que levava fazendo que teve um furo e nem sequer lhe disseram nada. E eram assim destes casos que me desanimavam bastante e que muitas vezes me impediram de fazer maiores esforços.»

     
  • nunorosmaninho 10:36 on 22/12/2016 Permalink | Responder  

    Na 16.ª etapa, até à Figueira da Foz, Rosmaninho passou por Anadia 

    A 16.ª etapa, entre Aveiro e a Figueira da Foz, ma distância de 103,9 quilómetros, deu ao atleta desta cidade, Alves Barbosa (pai) uma vitória saborosíssima e a Joaquim Rosmaninho, que chegou em 11.º lugar, a oportunidade de passar em glória por Anadia, de cujo concelho era natural. Não esqueçam que Rosmaninho envergava o equipamento do clube desta vila. A Voz Desportiva diz que chegou em 10.º lugar, alude à vitória de Alves Barbosa na sua terra e atribui a Joaquim Davim «uma óptima corrida, classificando-se com o mesmo tempo do vencedor.» E o Rosmaninho? Nem uma palavra! Hei-de protestar com J. Branquinho de Carvalho. Valha-nos o jornal de Anadia, que publicou uma preciosa reportagem. Uma vez que trasladei há três anos, resumo-a? Ou transcrevo-a porque os leitores não sabem do que estou a falar? Vai a transcrição. A prosa é boa e o espaço é barato. Segue-se portanto a notícia do trânsito dos corredores por Anadia na perspectiva do jornalista de A Ideia Livre:

    «A sua passagem estava anunciada para as 14 horas e às 13 já se via um movimento grande de pessoas que chegavam dos lugares próximos.

    À hora anunciada, desde o café Dias Moreira, ao cimo da Avenida José Luciano, estavam as margens da estrada repletas de público e muitos automóveis, que pelo atraso da largada em Aveiro, tiveram de esperar para mais tarde.

    E, impacientes, esperavam…

    Perto das 16 horas, na cabine telefónica 2, era anunciada a passagem dos concorrentes em Sangalhos.

    O povo correu aos lugares primitivos e começaram a aparecer os primeiros carros e motocicletas da caravana, até que umas vozes anunciaram alegremente:

    – Lá vêm eles!

    – Vêm todos juntos!

    Era um pelotão de seis corredores, comandado por Rosmaninho.

    Começaram, entusiasticamente, os “vivas” ao corredor anadiense, que seguia Barbosa, por ter afrouxado supondo que paravam.

    Rosmaninho numa “puxada” tomou novamente a dianteira e seguiu na Avenida José Luciano, querendo distanciar-se.

    Trindade ainda não tinha passado e a assistência feminina estava desinquieta! Até que após dois minutos do primeiro, ele passou por entre grandes aclamações, mas ele, relembrando as suas melhores impressões que levou do povo de Anadia quando da “Volta às Termas”, agradece animadamente.»

    «A Direcção do Anadia Foot-Ball Club, na persuasão que os ciclistas parassem, por uns instantes, – como tinha sido combinado em Aveiro –, o que não sucedeu por passarem em pelotão, preparou uma mesa com o melhor espumoso da região, a fim de os corredores se dessedentarem.

    Ao Rosmaninho, vai ser oferecida pela rapaziada local, uma artística medalha em ouro.»

     
  • nunorosmaninho 09:51 on 21/12/2016 Permalink | Responder  

    Na 15.ª etapa, até Aveiro, Rosmaninho recebeu uma homenagem 

    A Volta aproxima-se do fim. Na 15.ª etapa, entre Braga e Aveiro, na distância de 131,8 quilómetros, Joaquim Rosmaninho chegou em 17.º lugar e foi homenageado na qualidade de representante do distrito de Aveiro. Transcrevo: «Na sede do Internacional Atlético Club, realizou-se um “Porto de Honra” oferecido pelos senhores dirigentes a Joaquim Rosmaninho, que é representante da região na IV Volta, ao qual assistiram várias pessoas de Anadia. Foram trocados calorosos brindes e foi muito vitoriado o corredor do distrito, que, apesar de tudo, se mantém firme nesta competição, em que tantos têm desistido.» A Voz Desportiva não se pronunciou sobre isto.

     
  • nunorosmaninho 14:49 on 20/12/2016 Permalink | Responder  

    Na 14.ª etapa, até Braga, Rosmaninho chegou em vigésimo lugar 

    A 14.ª etapa, entre Vigo e Braga, na extensão de 180,3 quilómetros, deu a Joaquim Rosmaninho o 20.º lugar. Foi portanto uma prova difícil para ele. Mas não disponho de nenhuma informação sobre o que se passou.

     
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