Parente rico do blog – Portomar, 24 de Novembro de 2014

Afinal a experiência das duas últimas saídas fazem das natas o parente rico do blog. Pois não é que agora as natas vão aos pares. Mais uma vez, a primeira soube tão bem que não houve resistência para uma segunda. Foi nos explicado que as natas da tarde são feitas com mais dedicação. De manhã, a azáfama de ter as ditas cujas prontas para as 8 faz com que não haja tempo para a coisa ser tão aperfeiçoada. O recheio é preparado de maneira artesanal, batido à mão e não comprado em potes industriais. À tarde há sempre mais uma folga temporal e a nata sai mais perfeitinha. E estava. Como diria o Escrivão, lambões. Devo dizer que o ritmo levado, tanto na ida como na volta, deve ter ajudado a derreter essas calorias. O que não foi gasto na bicicleta, de certo que o foi a seguir na piscina pelo Periglicófilo. O Informático, esse, contentou-se em ir buscar uma câmara de ar nova ao seu fornecedor habitual. O seu primeiro furo com a bicicleta nova …

As quirinices do Quirino

O que eu penei por esse mundo à procura de notícias do Quirino! Não me conformo com o silêncio a que foi remetido entre Coimbra e Lisboa. Correu tudo? Desistiu? Empurrou? Bateu? Fui à delegação da União Velocipédica Portuguesa no intuito de me elucidar sobre os factos que provocaram a suspensão do ciclista. Encontrei apenas outra narrativa dos sopapos no tinteiro. Quererão ouvi-la?
«Entraram no controle com pequenos intervalos António Marques, Eduardo dos Santos, Aníbal Carreto e João Francisco, tendo chegado em seguida e quase imediatamente um pelotão de uns dez corredores, entre os quais se contava Quirino de Oliveira, chegado em oitavo lugar, como verificaram os nossos fiscais.
Quirino de Oliveira entra em atitude violenta no átrio da Câmara Municipal, onde se encontravam os membros desta Delegação em serviço de controle, afirmando em altas vozes que chegara em segundo lugar, impondo quase que o considerassem como tendo chegado nesse lugar, dando um violento murro na mesa da presidência insultando os membros da Delegação, sobretudo o seu mui digno vice-presidente, o nosso consócio sr. Gabriel Tinoco, ocupando o lugar de presidente na falta, por doença, do nosso consócio Dr. Mário Machado. Como um espectador, que estava perto protestasse contra a atitude do corredor Quirino, este, com uma falta fantástica de educação desportiva, agrediu-o imediatamente.
Levantado este lamentável conflito, estabeleceu-se no controle uma confusão tremenda, que impediu a boa regularização dos serviços do referido controle. Eis a traços rápidos o que se passou.»
Mas quem era este Quirino? Como se fez esta criatura soberba? Para não voltar ao assunto, passei pela redacção do jornal Os Sports e ali me explicaram a origem do fenómeno e me deram o engenhoso título desta nota. Começou por ser um rapazote dotado para o ciclismo, insciente, que se deixou possuir pela fama e pela ambição. «De simples e modesto, que era, o rapazote sentiu-se importantizado», mas não se instruiu. «A sua importância de ás deu-lhe volta ao miolo, e o rapazote de ontem, hoje um homenzarrão, entendeu que podia à vontade indisciplinar-se sempre que as coisas não lhe corressem a jeito. Os seus deslizes, levados muitas vezes à conta da sua falta de educação, e por isso perdoados, foram pouco a pouco crescendo de vulto…» E assim chegou à bicicleta pelo ar e aos sopapos no tinteiro.